sexta-feira, 17 de junho de 2011

(Entre)Vista: João Negreiros - A Arte de Ser o Poema


João Negreiros nasceu em Matosinhos a 23 de Novembro de 1976. Muito novo, escrevia já teatro, poesia e prosa poética. Na área do teatro, a sua obra foi crescendo, tendo hoje quatro peças editadas, Silêncio e Os Vendilhões do Templo (2007), O segundo do fim e Os de sempre (2008). No âmbito da poesia, publicou dois livros: o cheiro da sombra das flores (2007), seleccionado de entre as melhores obras de poesia ibérica publicadas entre 2007 e 2008 pelo Prémio Correntes d' Escritas de 2009, e luto lento (2008). Entre vários prémios, destacam-se o 1º lugar no Prémio Internacional OFF FLIP de Literatura 2009 (Brasil), categoria Poesia, e o Prémio Nuno Júdice 2009.



É com muito prazer que trago agora à vocês uma pequena entrevista com este grande poeta.
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Israel Silva: Bem, vamos começar com a pergunta invariável: como foi que tudo começou? 

João Negreiros: Já nem me lembro. Foi na adolescência, escrevia para a gaveta, basicamente poemas. O teatro começou mais cedo porque comecei a escrever os meus textos para representar muito jovem, com cerca de 12 anos. 

Israel: Conte-nos de sua infância e adolescência. Tens algumas lembranças que marcaram a tua obra?

João: A minha avó: sempre achou graça às minhas brincadeiras e isso talvez tenha influenciado a minha personalidade tornando-a ainda mais performativa.

Israel: Pelo que vemos em seus vídeos no youtube, você é um ótimo ator. Aliás, como surgiu essa ideia de fazer performances no youtube?

João: Foi um acaso. Uma vez estava a dar uma aula de teatro e pediram-me para dizer um dos meus poemas. Eu disse um para exemplificar uma técnica específica, um amigo filmou e acabou por pôr no youtube. Muito depressa transformou-se num fenómeno a uma escala que eu nunca poderia imaginar. Nunca fui muito ligado às novas tecnologias.

Israel: Você escreve peças, poesia e prosa poética. Como você mesmo define o teu estilo? 

João: Também escrevo prosa, acabei agora um romance e tenho uma novela publicada. Não consigo definir o meu estilo, deixo isso para os meus leitores.

Israel: Sei que esta pergunta parecerá cruel, afinal, as obras de um autor são como filhos deste. Mas, dentre os teus livros, qual você destacaria para nós e porque?

João: Tem razão, é mesmo cruel, não consigo escolher.

Israel: Você admira algum autor brasileiro?

João: Admiro muito o Nelson Rodrigues e Érico Veríssimo.

Israel: Aliás, a língua portuguesa, cá para nós, é mesmo maravilhosa. Você acha que os países lusófonos deveriam interagir mais entre si? E como poderíamos expandir as obras desses países para o mundo (afinal, o mundo tem muito a ganhar conosco)?

João: As novas tecnologias parecem-me uma boa solução, estou muito surpreendido com o potencial. Se houvesse mais parcerias entre músicos, actores, escritores e artistas do audio-visual tudo seria bem mais fácil. 

Israel: Estamos quase acabando. Que recado você gostaria de deixar para os novos autores (como eu, por exemplo)? E como você vê o futuro da literatura?

João: Aos novos autores digo para não se preocuparem muito com o reconhecimento. Procurem o prazer e a excelência. O futuro da literatura vejo como uma forma de consciencializar a Humanidade e alertar para os perigos da era do vazio.

Israel: Por fim e, falando em futuro, quais são teus planos para ele? 

João: Escrever, dizer os meus poemas e ganhar coragem para, um dia, voltar a escrever outro romance.

Israel: Bem, terminamos por aqui. Muito obrigado, João! E que tenhas muito sucesso.

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João Negreiros, por mim.

Desde Mario Quintana, são poucos os poetas que realmente me marcaram. Não, não desprezo os grandes, mas falo dos poetas que mais profundamente me rasgaram. E conto nos dedos Ferreira Gullar, Drummond, Fernando Pessoa, Alika Finotti e agora João Negreiros. Esta mão não estava cheia antes do último. 
Vejo na poesia de João a arte de Ser o Poema, que para mim se define como o futuro, o presente, a crescente desfronteirização da arte com o corpo.  João Negreiros apresenta-nos gratuitamente uma obra pungente e risonha, mui bem humorada, pura de tão natural e sincera, que te leva a respirar livremente dada a inspiração.     

Se eu, em minha singeleza, em minha ainda pequena condição, pudesse lhe dar um prêmio, daria-lhe um Prêmio de Agradecimento dos mais verdadeiros de todos os tempos dos meus 17 anos de até agora. Mas isso sou eu. Vejam por vocês mesmos:










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