segunda-feira, 30 de maio de 2011

Olá, alguém aí? Parte 1.

Os primeiros seis artigos do primeiro capítulo de Pensassonhos. Enjoy!


Olá! Alguém aí? Por favor, atenção.
Artigo 1º - Este é meu ponto de partida e partindo daqui encontrarei meus rumos. Esta obra é meu primeiro esboço, meu rabisco, meu aprendizado, meu prólogo. Estas palavras todas são células tronco que se desenvolverão em tecido poético - filosófico - psicológico – científico etc., ou textos esparsos - contemplativos - inspirados - prosados - prostrados - propostos - indefiníveis. Acima de tudo, no princípio havia liberdade.
Artigo 2º - Este livro é meio esfumaçado em certos pontos e sólido em outros. Não espere aqui encontrar o sumo bem ou mandamentos concretos ou autoajuda. Tentei, com essas palavras, construir uma estrada em direção ao conhecimento (sobre mim e o resto), ou um caminho para que eu pudesse me expressar (sim, isso sim). Mas perdoai-me, pois sou náufrago de primeiro mar. Fiz o que minha vã filosofia permitiu. Assim eu humildemente lhe ofereço minhas entranhas, minhas quimeras mais intrínsecas, minhas tentativas e falhas.
Artigo 3º - Peço que sejas crítico, reflexivo. Não aceite facilmente minhas palavras. Deguste-as e as ponha sob um olhar de juiz. Critique-me, que tua crítica faz-me crescer. E faça o mesmo com tudo que te cerca.
Artigo 4º - Fique claro (haja luz): este livro não é estável. É como a vida. Escrevi como quem faz planos já sabendo que algum imprevisto pode sim ocorrer, talvez um flash, um big bang, um sequestro relâmpago, o tal do big crunch[1], sei lá. Escrevi como quem sonha (por amar um bom escapismo), contudo mantendo a noção da complexa realidade da existência (afinal, como poderia eu me desprender da existência?).  Escrevi conforme meus pulsares[2], ou conforme minhas frequências ultrassônicas inconstantes. E acrescento a essa receita uma quantidade enorme de: Eu. Egoísmo? Não, apenas a necessidade quase fisiológica de me expressar senão ai de mim.
Artigo 5º - Não te incomodes, Oh Intelectual, Oh Ser Super Súpero Supremo Altivo, se fiz desta obra, em certos momentos, uma coisa um tanto simplória. É que o simples é mais direto, mais abrangente. Também sossegue você, criança da periferia ou adulto desacostumado ao ato de ler, sossegue se esse livro te parecer meio complicado. Com um pouco de insistência, um bom dicionário e alguma outra ajudinha, você vai ver que fica tudo fácil e bonito. Importa é não desistir, a não ser que não te agrade. Fazer o quê se nem Deus se agradou totalmente de suas obras...
Artigo 6º - Este livro é como uma espécie de ensaio ou experiência. Um quase, um quasar[3]. Ou muito melhor, uma Tentativa. Isso... Pois bem, esta obra é uma tentativa. Uma tentativa adolescente de assoprar para fora de mim meus próprios pensassonhos. Temo errar, mas se erro é por que tenho alma. É errando que se aprende. Mas acima de tudo, no princípio havia a dúvida.


[1] Teoria segundo a qual o universo irá se contrair e entrar em colapso sobre si mesmo, num futuro distante, devido à atração gravitacional.
[2] Pulsar: Estrela de nêutrons cujo eixo eletromagnético não coincide com seu eixo de rotação.
[3] Abrev. em inglês de Quasi-Stellar Radio Source. Núcleo galáctico ativo, altamente energético e muito distante.

...

Imagem: Redon - Esqueleto.
Próximo release: 06/06/11.


domingo, 29 de maio de 2011

Pensassonhos, o Lançamento





Quem?

Israel Araujo da Silva é paulistano de 1993. É estudante, ativista, poeta, escritor, compositor, aprendiz das artes e da filosofia. É jovem, como tudo que há de novo num mundo tão rápido e prematuro. De sua juventude nasce a dúvida, a incerteza, o frenesi do pensamento e das aspirações futuras. De sua história de vida nasce a dor, o descontentamento para com o mundo como ele está, a força revolutiva de quem viu de perto a opressão do crime e da pobreza. Proveniente de família humilde, sua história é repleta de acidentes. "Lembro das enchentes que levavam barracos, da água-barro que sepultava a pobreza daquele lugar. A cocaína das bocas de tráfico dissolvia-se na chuva. Os móveis flutuvam...", diz ele, lembrando-se de um período sinistro de sua vida. Sempre curioso, começou a demonstrar seu talento aos oito anos de idade, devido à um "protoamor", como ele mesmo afirma. "Entre as brigas com minha avó, eu pensava numa garotinha. Escrevia", diz. Mas por muito tempo não levou à sério a atividade, até que completou 16 anos de idade, quando decidiu levar à cabo o projeto de seu primeiro livro, intitulado Pensassonhos. O livro, segundo o autor, é marcado de "uma incerteza instigante, a própria condição adolescente, uma busca didática para a compreensão de temas como o amor, a condição humana, a violência, a memória, o tempo, o vazio, a guerra..." e tantos outros. O autor não só desfruta de uma pluralidade temática / técnica / textual. De fato, o desejo do jovem é ser multifacetado como o multiverso, extender seus horizontes além das fronteiras, das especializações. "Sei o que quero", diz ele, "vou estudar filosofia e pretendo ser um multiartista pensador". Assim segue Israel Silva, inseparável de sua adolescência, trabalhando em outras obras. "Estou trabalhando em outro livro, Extramundo, que apresentará uma poesia muito mais experimentalista e madura; também estou trabalhando em composições para meu primeiro CD demo, e tenho outros projetos em fotografia, teatro, artes plásticas e projetos filosóficos. Acho que não devo ser rotulado ainda: pretendo ser amplo, pretendo surpreender muito em breve."

Uma nova revelação literária

Novo na cena das artes, o jovem considera-se um "náufrago de primeiro mar" experimental. Deste jovem nasce uma poesia sistêmica, livre, sem barreiras temporais ou textuais, um fluxo de pensamento e de sonho que experimenta o romântico e o contemporâneo. Em textos transmodernos, mostra-se a vida como uma constante experimentação em busca de alguma verdade, passeando com as palavras entre temas diversos, desde o amor, a arte e o tempo, até a liberdade, a alienação da sociedade, a corrupção do ser humano. Tudo isto está imerso numa estética propositalmente jovem e ingênua, tornando a sua poesia humanista num instrumento didático.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Indeciso e Irresoluto




 [Sobre as escolhas e a impotência humana mediante as forças da vida, com ênfase nas dificuldades da juventude].

...

Tantos caminhos labirínticos... Cuidado, o minotauro!
Ah, tantos labirintos caminhos... Tantos túneis, cavoucados por tatus cegos. São tantas cavernas à esquerda, à direita, pra cima, pra baixo... Bem, que são caminhos, bem ou mal isso se sabe. Não se sabe se são certos, incertos ou errados.
Aonde irei? Qual o caminho que devo escolher? Devo escolher, aliás? São tantas aleias, digo... E agora? Tantas flores no caminho. Devo parar e observá-las ou continuar seguindo o fluxo?
O agora. O pós...
Queria poder ser muitos, me fragmentar em pequenas partes úteis de um só. Queria ter mais tempo para saber o que quero. Queria multiplicar, ou a mim ou ao tempo ou a ambos. Assim poderia aprender tudo que eu gostaria de aprender, poderia ser tudo que eu quisesse ser.
Afinal...
São tantas horas e minutos, e são tão poucas... São tantos grãos de areia na ampulheta, mas os mesmos são tão pequenos...


...

E há um descontentamento tão grande por não sermos sobrenaturais, por sermos apenas humanos apenas naturais, por não termos controle nem sobre a existência e tampouco sobre o tempo, por negligenciarmos a nós mesmos (no complicado autogoverno). Ó grande impotência do ser humano... Ó tamanho desgoverno!
É tão frustrante não ser superpoderoso, só ser um... Só ser um (ponto – só um ponto). É difícil escolher e controlar os rumos de uma única vida. Penoso mesmo (eu que sei) é ser jovem, receoso, hesitante, indeciso e irresoluto.
E quanto a nós todos daqui da Terra, jovens ou já amadurados: Somos nós apenas um acaso?
Somos por acaso humildes pistas ínfimas de um mistério insolúvel infinito (migalhas), ou somos provas documentadas na memória do Universo? Alguém ou algo se lembrará de nós quando partirmos?
Não se sabe. E só há um consolo: o ser humano, contudo, excede a própria natureza. Somos O Porém da Terra. Um campo infinito de flores finitas.
Amém.

domingo, 15 de maio de 2011

Confissões para Ninguém - Episódio 1: Análise do Momento




Análise do momento


primeiro silêncio incendiário, denso.
daí lá fora a natureza entoa
quase uma sonata à Kreutzer.
a lua verseja com olhar entreaberto
desconfiada mira pela fechadura
sua luz roçando as nuvens.
eu adoeço recluso em meu prisma
sufocando com lágrimas trancadas
num espírito incendiário, denso.
...você estava tão linda desde
minha última lembrança...
seu aroma me tortura nesta cama.
saudade é agonia hedionda.
pleiteio refúgio no aterro da razão
sou derrotado no aterro da solidão.
só sei que o frio e as nuvens
foram os cupidos da sincronicidade
que retornarão para nos unir de novo.
te guardo em mim, habito em ti.
aguardo nos lençóis o esquecimento
mas o esquecimento nem vem nem vai.
só sei enfim que quero de volta
meu coração incendiário, denso.



Analysis of this Moment

First the silence, incendiary, dense.
Then the nature sings outside
Like a Kreutzer Sonata.
The moon speaks with almost closed eyes.
Suspicious, she looks through the lock.
Her light touches the clouds.
I get sick inside my prisma
Sufocating with locked tears
With an incendiary, dense spirit.
... you were so beautiful since 
my last memory...
your smell tortures me in my bed.
The longing is a hideous agony. 
I beg for relief in the reason land,
Then i'm defeated in the land of the solitude.
But I know that the cold and the clouds
Were angels of siynchronicity,
And they'll return to make we stay together again.
I've been waiting for an oblivion between the tissues
But the oblivion never comes or goes away.
All I Know is that I want you to give back
my incendiary, dense heart.




sexta-feira, 13 de maio de 2011

Bioportfólio numa Linha do Tempo-Espaço



1993 - Nasce Israel Silva, em São Paulo, ao dia 16 de outubro, filho de Noranei Araujo Belluzzo e Elias Juvino da Silva, ambos nascidos na Bahia. Saiu preguiçoso de um parto por cesariana; não queria chorar.

Passou a primeira infância num lugar ocupado por vítimas do sistema. Enfrentou enchentes, presenciou crimes quando criança. Foi criado pela mãe. A família era conturbada e religiosa. No mais, era "rico": tinha teto, chão, eletrodomésticos, alguns metros quadrados e tempo para caçar insetos e guardá-los em potes de vidro, ou queimá-los com uma lupa.

1998 - Ingressa na pré-escola. Aprende a escrever e a ler. Assim que aprende, começa. Vê os documentários da cultura, e os vídeos do Fantástico. Faz anotações sobre tudo o que vê. Lembra até hoje do liopleurodonte, o maior predador que já existiu, e da velocidade do guepardo: 100 Km/h.

2000 - 1ª Série. EMEF. Pref. José Carlos de Figueiredo Ferraz. Se apaixona por uma garota mais velha: seu primeiro vislumbre sobre o amor. Escreve cartas enfeitadas com desenhos. Faz lição e se comporta bem. Assiste aos filmes de Steven Spielberg. Passa a sofrer bullying na escola e no condomínio onde mora com a mãe e com a avó.

Nesse período faz constantes mudanças. Vê a mãe se casar com um homem que sofre de convulsões, tem propensão para vícios e é ignorante. O homem é engraçado, mas as brigas são constantes.
Ganha um gato branco. Perde o gato branco. Cria peixes num aquário. Cria hamsters. Começa a lutar taekwondo. Se apaixona de novo; um novo vislumbre do amor. Desta vez escreve dezenas, senão centenas de poemas (um tanto melosos) inspirados na garota: nasce definitivamente o garoto que escreve. Pega as menininhas na igreja, debaixo da mesa. Pega as menininhas do condomínio, que gostam de ouví-lo cantar. Gosta de cantar. O chuveiro sabe.

2001 - Conhece seu melhor amigo, Victor, com quem passa a maior parte da infância. Um cara ruivo, alto, taxado de doido, esquisito, colérico, mas muito inteligente e curioso. Passam horas discutindo sobre vida extraterrestre, engenharias, biologia, lutas, sofrimentos, tudo tudo.

2004 - 4ª Série. Junto com um amigo gordo do clube dos excluídos, lê o Poema Sujo de Ferreira Gullar. Com o amigo, escreve uma redação sobre São Paulo. Juntos, ganham a chance de representar a escola num evento. Ouve Pitty. Gosta de dinossauros. Assiste O Mundo de Beakman. É gordinho. Gosta do frio. A mãe e o padrasto discutem sempre. O padrasto vai e volta de casa. A casa vai e só vai. E nós andamos. O aluguel normalmente custa de R$250,00 à R$400,00.

2005 - Sua mãe entra num novo relacionamento, desta vez ainda pior, com um homem possessivamente ciumento, pouco higiênico, agressivo.

2006 - Adentra no mundo das subculturas alternativas. Soturno, coturno, romântico, sobretudo, preto, esmalte, maquiagem, teatro. Ouve Evanescence. Muda-se para uma Cohab, onde divide a casa com o novo padrasto e sua família. Iniciam-se conflitos religiosos dentro da casa, entre sua mãe cristã e a família de seu padrasto (candomblé). Enquanto isso, matricula-se na pior escola que já conheceu, apelidada de "Xiquinho". Recusando-se a estudar em tal escola, perde praticamente toda a 6ª série.

2007 - Nunca sofreu tanto bullying, mas aprendeu a lidar. Conhece outro grande amigo, Leonardo, deficiente físico, bem humorado, esforçado, estudioso, um pouco moralista. Um verdadeiro exemplo. Ouvem Linkin Park juntos.
Torna-se aluno destaque, fazendo sua classe vencer o Debate de Ciências do fim de ano por dois anos consecutivos. Apaixona-se profundamente por uma garota gótica que tem namorado. Envolve-se numa trama. Sabe o que é o amor. Sim, agora sabe. Mesmo.
Visita Niterói (RJ), na casa da tia carioca. Vai pela primeira vez à um museu de arte, o MAC. Vai ao Cristo. Vai ao mar. Ama Niterói. Volta Amando.
Ganha um cão branco. O cão morre.

2009 - Visita novamente o Rio. Entra no Ensino Médio. EE. Exército Brasileiro. Desiste temporareamente do esteriótipo rock'n'roll. Tem romances. Sim, tem romances. E tem um boom: volta a escrever. Volta-se também para a música, aprendendo a tocar teclado, e para a fotografia. Assume o ateísmo. Ganha um outro cão.

2010 - Inicia a obra Pensassonhos, seu primeiro livro de poesia. Doa o cão que ganhou. Sua mãe termina o outro relacionamento conturbado e inicia um novo. Problemas existem, mas tudo bem. Muda-se para uma pequena vila em Mairiporã. Nunca foi tão bem acolhido.
Participa do primeiro Sarau na Casa das Rosas, em São Paulo. Vence o VIII Concurso de Redação do Lions Clube, do qual participaram 2600 alunos de escolas públicas e particulares (vitória esta que lhe rende bolsas integrais no Colégio Objetivo de Mairiporã e na Skill Idiomas, onde estuda atualmente). Publica uma redação na Revista Lions Clube. Obtém o 2º lugar no Concurso do Projeto Poesia 2010, da Diretoria de Ensino de Caieiras, com o poema "Hoje não farei Nada". Participa de exposições escolares. Faz novos amigos e uma namorada inesquecível.

2011 - Finaliza o livro Pensassonhos e fecha contrato com a editora Anadarco. Lança o tal livro em Junho, e assina uma coluna para a Revista Crase. Atualmente estuda no último ano do Ensino Médio e está decidido por cursar filosofia. É autodidata em vários tipos de arte. Tem planos de gravar seu primeiro CD Demo em breve, com músicas de sua autoria; pretende também gravar suas três sonatas já compostas.

"Esta página estará em constante atualização até o lançamento do Site Oficial de Israel Silva."